domingo, 23 de outubro de 2011

Brasil, um país miscigenado


O Sistema de Cotas tem como objetivo reservar vagas universitárias para grupos específicos do Brasil, tendo como justificativa o fato de que estes certos grupos, em razão de algum processo histórico depreciativo, teriam maior dificuldade para aproveitarem as oportunidades que surgem no mercado de trabalho, bem como seriam vítimas de discriminações nas suas interações com a sociedade. 
Deste que este sistema foi implantado no Brasil, veio surgindo uma guerra de opiniões, tendo duas posições: a de oposição e a de apoio às políticas de cota. A primeira defende o critério do mérito, pois acreditam que quem tem o direito de usufruir as vagas universitárias são os indivíduos que obtiveram as notas superiores comparada com os outros candidatos, independente se o candidato for afro-descendente ou de um estudante oriundo das escolas públicas. Além disto, esta posição crê que as cotas acabam incentivando um “racismo” às avessas, considerando, ainda, as inequívocas dificuldades de definição e aferição dos declarados negros e pardos. Já a segundo oposição defende a necessidade de se resgatar a dívida histórica de exclusão e de preconceitos para com as minorias, principalmente para com os afro-brasileiros, desfazendo-se o mito da democracia racial, e tratando de forma diferenciada, através de políticas, os que se encontram em posições desiguais.
Políticas de Cotas por si, já é um assunto extremamente polêmico, mas esta discussão consegue-se complicar ainda mais por nós vivemos em um país miscigenado. Podemos considerar que o próprio sistema é falho, pois qualquer cidadão brasileiro pode sim declarar-se afro-descendente, afinal, a não ser pelos testes sanguíneos, apenas a própria pessoa pode-se declarar negro, pardo ou branco. Citarei agora um trecho da reportagem escrita por Zakabi & Camargo, sobre o caso dos gêmeos univitelinos, Alex e Alan Teixeira da Cunha, de 18 anos, filhos de pai negro e mãe branca.

“...Eles se inscreveram no sistema de cotas por acreditar que se enquadram nas regras, já que seu pai é negro e a mãe, branca. Seria de esperar que ambos recebessem igual tratamento. Não foi o que aconteceu. Os "juízes da raça" olharam as fotografias e decidiram: Alex é branco e Alan não.
Alan, que quer prestar vestibular para educação física, foi classificado como preto na subcategoria dos pardos e pode se beneficiar do sistema de cotas. Alex, que pretende cursar nutrição, foi recusado. "Não sei como isso é possível, já que eu e meu irmão somos iguais e tiramos a foto no mesmo dia", diz Alex, que recorreu da decisão.”

Este caso é uma prova dos perigos de tentar classificar as pessoas por critério racial. Na minha humilde opinião, as cotas deveriam ser unicamente Sociais, já que não seria colocado um “rótulo” nas pessoas. Infelizmente as maiorias dos brasileiros não compreendem a verdadeira proposta das cotas e muito menos tem conhecimento das estatísticas, que mostram os indivíduos negros como o grupo mais pobre economicamente no Brasil. Portanto, convenhamos que se as cotas fossem destinadas apenas para pessoas da classe baixa, os negros ainda seria os maiores beneficiados, pois continuariam se enquadrando nas cotas. O simples fato de trocar o nome de Cotas Raciais para Cotas Sócias iria haver conseqüentemente uma diminuição da quantidade de negros constrangidos na faculdade pelo fato de terem que escutar picuinhas de colegas preconceituosos dizendo que estão lá apenas por causa das cotas, porém em alguns casos, por exemplo, é o contrário, conquistaram sua vaga com uma colocação superior a dos outros grupos. Às vezes alguma pequena mudança conseguia acabar gerando menos conflitos entre grupos com interesses iguais, mas classes distintas.

                                                                                 Jéssica Quirino Dias



REFERÊNCIAS:



ZAKABI, Rosana & CAMARGO, Leoleli. A decisão da banca da Universidade de Brasília que determina quem tem direito ao privilégio da cota mostra o perigo de classificar as pessoas pela cor da pele – coisa que fizeram os nazistas e o apartheid sul-africano. Disponível em: <http://veja.abril.com.br/060607/p_082.shtml>. Acesso em: 24 de outubro de 2011.

3 comentários:

  1. Antes era completamente contra a cotas. Faltava um pouco de conhecimento e de outro olhar para essa politica compensatória. Acredito que as cotas para os negros, são apenas um passo para uma melhoria na desigualdade social. Elas são importantes, pois aproximam essa população do ensino, das universidades.
    Ensino superior deveria ser para todos. A politica de cotas é um passo pequeno para mudar a situação dos negros no nosso país.
    Em relação as cotas para pessoas de baixa renda, eu também acho relevante. Mesmo os negros sendo a maioria dos pobre no Brasil, existem outros também prejudicados.
    O ensino tanto fundamental quando superior deveria ser para todos.

    ResponderExcluir
  2. Sou a favor das cotas sociais, mas contra as cotas raciais, porque só aumentará a discriminação dentro das universidades.

    ResponderExcluir
  3. Todos nós temos direito a uma ótima educação, independente se a pessoa é: branco, negro, pardo, índio... Tenho a mesma opinião, pois se trocássemos o nome para cotas sociais, iria diminuir o preconceito dentro das salas de aula.

    ResponderExcluir