sexta-feira, 25 de novembro de 2011

A educação e a Criança negra


Eu tinha horror ao dia 13 de maio[2], porque eu sabia que os professores falariam sobre mim. Os professores costumavam dizer: ‘Os negros não são bonitos, mas isto não é o caso da Cármen. A Cármen só tem alguns aspectos das pessoas pretas’. Cármen reflete dizendo que os professores pensavam que eles estavam me dando elogios.” (Cármen, professora negra)

Como podemos perceber na fala dessa criança a atuação da discriminação racial está presente na educação. Oliveira afirma que a discriminação mais sutil veiculada pelos livros didáticos, pelo currículo e pelos meios de comunicação para a maioria das crianças pesquisadas passa desapercebida, mas isso não implica afirmar que ao longo dos anos, esse tipo de discriminação não venha a causar urna assimilação de estereótipos negativos em relação aos negros, o que ocorre também com a criança branca. Também ficou ressaltado que a forma de o professor caracterizar a criança negra evidência seu despreparo para lidar com situações de discriminação na sala de aula, pois, em muitos momentos, o professor julga a criança negra culpada pela discriminação sofrida. É o que demonstra o depoimento de urna professora:

Além de se sentir rejeitada, a criança negra tem, talvez, por sua própria natureza, lentidão na aprendizagem, lentidão na assimilação do ensino e estes dois fatores contribuam para que ela não consiga acompanhar o seu grupo, desista e saia da escola ou permaneça nela pouco tempo (OLIVEIRA, 1992: 98).


A presença de crianças e adolescentes negros é expressiva no cotidiano escolar, porém não é nomeada. Não se fala em comunidade negra, em líderes negros, em personalidades negras, em pessoas negras integrando aquele espaço, mas, fala-se quotidianamente de fora pejorativa: "buraco negro”, "boi da cara preta”, "saci pererê”, "nuvem preta”, "coisa tá preta", "negro escravo”, "preto sujo” e outras. A discriminação racial praticada na sociedade brasileira é silenciosamente tratada (CAVALLEIRO, 1998). Silêncio esse que decorre, em parte, da falta de preparo do professor para lidar com a situação e pelo mito da democracia racial brasileira. No que se refere ao professor não devemos esquecer a sua importância para a formação do pensamento humano, na divulgação e perpetuação de modelos sociais.

Desigualdade racial começa na pré-escola
DA EQUIPE DE TRAINEES
O índice de repetência de crianças negras é maior que das brancas desde a pré-escola, segundo pesquisa realizada pela psicóloga Fúlvia Rosemberg, da Fundação Carlos Chagas.
Baseada na Pnad (Pesquisa Nacional de Amostra por Domicílio), do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), a pesquisa mostra que, das crianças de sete anos ou mais que ainda estão na pré-escola, 63,5% são negras -pretas ou pardas-, enquanto 36,5% são brancas.

Segundo a pesquisadora, a retenção de alunos negros também é maior no ensino fundamental.
Entre os alunos que cursam a pré-escola durante a época considerada normal -com até seis anos de idade- 43,1% são negras e 56,3% brancas, situação proporcional à composição racial da população brasileira.


A pesquisadora atribui a desigualdade entre raças no desempenho escolar aos fatores socioeconômicos e ao que chama de "pessimismo racial", que significa descrença na possibilidade de sucesso do aluno negro.


Para Rosemberg, uma ideologia racista é transmitida dentro da própria escola. "A criança negra é considerada, de antemão, o candidato mais provável à repetência por todo o aparato educacional -do professor ao diretor e ao secretário de Educação."


Angela Wolff

A retórica das charges contra cotas

"Para quem estudou muito e está apto a prestar vestibular, também tem cota?"
Tem sim. Digamos que as cotas raciais ocupem 30% das vagas, os outros 70% estão RESERVADOS para aqueles que estudaram muito e estão aptos a prestar vestibular.
Bom, né?



Precisa comentar algo sobre a ingenuidade dessa charge?




A velha questão de reduzir o problema para o nível individual e não pensar na questão histórica e social. Afinal, quais desses foram os grupos historicamente prejudicados e são ainda hoje discriminados?

Cristiano Lima

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Cotas no Mundo

Cotas


   Existem pessoas que ao se colocarem contra a adoção do sistema de cotas nas universidade no Brasil alegam por exemplo que se estas forem adotadas no sentido de produzir uma reparação aos negros em razão destes terem sido vítimas histórias da escravidão o mesmo seria valido também para Judeus. Alegam que estes mereceriam indenizações em razão do Holocausto que dizimou covardemente mais de 6 milhões de Judeus. Quero dizer que concordo que é justo.

Assim como é justo que se repare a covardia do racismo dissimulado que empobrece e degrada a vida de famílias negras ao longo de séculos. Ninguém sabe ao certo quantos negros morreram no translado em navios putrefatos, ninguém sabe ao certos quantos morreram sob o tronco. Contudo quando se fala em um tipo de correção ou equiparação para a população negra, este fato parece despertar a fúria e a indignação de pessoas de todas as classes.
    É necessário trazer a tona qual é o ponto real de conflito a cerca do que envolve o sistema de cotas. O sistema traz as claras qual é a verdadeira face do racismo no Brasil. Cotas são oferecidas a diversos fins no mundo todo, e cotas de todo o tipo. Em todos os casos onde foram adotadas cotas , sejam elas raciais ou não, estas visavam por força de políticas públicas promover correções que elevassem a presença de grupos desfavorecido em diversos seguimentos. A adoção de politica de cotas no Brasil demonstrou um movimento político concreto do poder público abandonando a atitude contemplativa de esperar placidamente que o racismo vá diminuindo vá gastando.



Alemanha: Indenização para vítimas do Holocausto

Vítima do nazismo pode processar a Alemanha no Brasilhttp://www.conjur.com.br/2008-mai-22/vitima_nazismo_processar_alemanha_brasil

Revista Internacional de Direitos Humanos:
    No que se refere às reivindicações individuais, foi no pós-guerra que se definiu o movimento para a concessão de reparações por violações dos direitos humanos.

No final da década de 1940, o governo alemão discutiu a questão das reparações com o governo israelense.

A Conferência sobre Reivindicações Materiais Judaicas contra a Alemanha resultou no Acordo de Luxemburgo com Israel, em 1952, e na promulgação, em 1953, das Leis de Compensação Federais Finais.

Nos termos desse contrato, a Alemanha concordou em pagar 714 milhões de dólares a Israel para ajudar na assimilação de refugiados reassentados e empobrecidos da Alemanha ou de áreas que haviam estado sob controle da Alemanha. 

O tratado pleiteava a compensação individual, além do pagamento de 110 milhões de dólares à Conferência sobre Reivindicações Materiais Judaicas contra a Alemanha em prol das vítimas.

O processo correu entre 1952 e 1965. Um outro esquema restrito de reparações foi estabelecido por acordo em 1993, para assistir a indivíduos excluídos dos primeiros acordos. 

Políticas de Ação Afirmativa em Benefício da População Negra no Brasil – Um Ponto de Vista em Defesa de Cotas:
   As chamadas políticas de ação afirmativa são muito recentes na história da ideologia anti-racista.

Nos países onde já foram implantadas (Estados Unidos, Inglaterra, Canadá, Índia, Alemanha, Austrália, Nova Zelândia e Malásia, entre outros), elas visam oferecer aos grupos discriminados e excluídos um tratamento diferenciado para compensar as desvantagens devidas à sua situação de vítimas do racismo e de outras formas de discriminação.

Daí as terminologias de “equal oportunity policies”, ação afirmativa, ação positiva, discriminação positiva políticas compensatórias. 

O princípio da igualdade nas ações afirmativas e a política de cotas:
   A ação afirmativa não se restringiu aos Estados Unidos. Outras experiências aconteceram em diversos países.

Dentre eles, destacamos a Índia, pois, após sua independência em 1947, adotou com êxito medidas para garantir assento no Parlamento a representantes das castas ditas inferiores (intocáveis).

Na Europa, as primeiras orientações nessa direção foram elaboradas em 1976, utilizando-se freqüentemente a expressão "ação ou discriminação positiva".

Em 1982, a "discriminação positiva" foi inserida no primeiro "Programa de Ação para a Igualdade de Oportunidades" da Comunidade Econômica Européia (Centro Feminista de Estudos e Assessoria, 1995, Estudos Feministas, 1996).
   O britânico Robert Owen compelido pela depressão econômica sofrida pela Grã-Bretanha no início do século XIX, propôs várias modificações nos modelos de produção, para que as pessoas afetados negativamente pelo capitalismo da sociedade britânica da época pudessem ter possibilidades de consumo, o que indiretamente provocaria o reaquecimento da economia.

A partir daí as idéias cooperativistas de Charles Fourier, Saint-Simon e do próprio Owen ocasionaram uma série de experimentos em diversos lugares.
   No Brasil, a primeira utilização de que se tem notícia, é a oferta de apoio à chegada de europeus ao Brasil doando-se terras. Mas ainda mais específica, temos uma modalidade, que é segundo Gomes “bem brasileira” ela estaria prevista na lei 5.465/1968 que assim prescrevia:
“Os estabelecimentos de ensino médio agrícola e as escolas superiores de agricultura e veterinária, mantidas pela União, "reservarão, anualmente, de preferência, cinqüenta por cento de suas vagas a candidatos agricultores ou filhos "destes, proprietários ou não de terras, que residam com suas famílias na zona rural, e trinta por cento a agricultores ou filhos destes, proprietários ou não de terras que residam em cidades ou vilas que não possuam estabelecimento de ensino médio”. 




Angela Wolff

Cotas no Mercado de Trabalho

O Sistema de Cotas é uma forma de reparar aos indivíduos que estão sendo marginalizados desde o período do Brasil escravo. Houve a abolição da escravatura, porém os negros não foram indenizados pelos seus trabalhos prestados. Milhares de negros foram mortos, espancados, além de ter seus filhos vendidos, suas mulheres e filhas estupradas pelos senhores que se diziam donos de suas vidas. Ademais, os negros eram vendidos como mercadorias.
O abolicionismo surgiu para favorecer interesses econômicos, já que a Inglaterra estava pressionando o Brasil para libertar os escravos. Diferente do que muitos pensam, eles não estavam preocupados com a forma desumana que os negros eram tratados, mas sim, porque queriam uma nova classe de assalariados, porque se houve-se uma libertação dos negros, eles teriam que receber pelos seus serviços e com isto, formariam uma nova classe consumidora. Aliás, na aquela época a maior parte dos produtos Brasileiros eram importados da Inglaterra. Além disto, a princesa Isabel não assinou a Lei Áurea, porque tinha pena dos deles, e sim, porque ela não teve outra saída, pois não aguentou a pressão feita pela Inglaterra, e por isto assinou.
Com isto, o negro recebeu a sua liberdade e sua "dignidade" e nada mais. Não tendo dinheiro, nem oportunidade, o negro ficou a margem da sociedade, excluído das vantagens do sistema. Com o passar dos anos, poucos, em relação à quantia de negros brasileiros, conseguiram com seus próprios esforços crescer economicamente. A partir destes dados históricos, o Sistema de Cotas Raciais foi criado, para redimir um erro que se iniciou no passado, mas que continua influenciando nos afro-descendentes. 
Diferentemente das Cotas para a Universidade, eu sou totalmente a favor das Cotas no Mercado de Trabalho, já que as mesmas são extremamente importantes para haver uma inclusão do negro no sistema trabalhista. Todos os indivíduos, indiferentes da cor, passam pelo mesmo processo de contratação, porém muitos negros não são contratados, porque a pessoa que estava fazendo a seleção era um racista, e não lhe contratou exclusivamente por causa de sua cor. negro tem que dar a sua “cara a tapa” para conseguir um trabalho decente, pois ao ir na entrevista de emprego ele acaba mostrando o seu fisiológico, podendo ser discriminado com o mesmo, ou seja, ele não vai estar sendo apenas avaliado pelo seu intelectual, mas também pelo seu físico. Aliás, o negro também sofre distinção quando refere-se a salário, pois um negro recebe 25% a menos que um branco do mesmo sexo. E agora eu te pergunto, porque? Não podemos ser hipócritas em acreditar que não existe racismo. Óbvio que existe, e por sinal existe e muito, só que agora ele é dissimulado, ou seja, oculto. 



Jéssica Quirino Dias

Uma sucinta explicação sobre as Políticas de Ações Afirmativas


   As Políticas de Ações Afirmativas, ou popularmente conhecida como Políticas de Cotas iniciou-se em 1960, nos Estados Unidos da América (EUA). Com o objetivo de compensar as desvantagens devidas à situação de marginalização de vítimas do racismo e de outras formas de discriminação.
   Atualmente, os negros correspondem a 70% da população brasileira de baixa renda. Consequentemente, apenas 3% dos universitários brasileiros são negros. No Brasil, este sistema está em vigor desde 2001, com o intuito propiciar uma inclusão social, já que a escravidão trouxe danos irreparáveis à população negra. Outra justificativa para a existência desde sistema ocorre diante da constatação de que a universidade brasileira é um espaço de formação de profissionais, porém a maioria dos universitários são os brancos, resultando na valorização de apenas um grupo racial.
   Para melhor explicarmos sobre o assunto, não podemos esquecer de falar sobre o conceito de Equidade. Este termo diz que, devemos tratar os desiguais como desiguais, pois os indivíduos não são iguais. Porém existem críticas sobre as Políticas de Cotas no Brasil, tendo as seguintes justificativas: o Brasil é um país mestiçado, os afro-dessedentes não sofreram os maus tratos no período do Brasil Colonial, além de que as Políticas de Ações Afirmativas poderiam prejudicar a imagem dos profissionais negros, podendo aumentar ainda mais os preconceitos raciais. 
   Bom, este assunto gera várias polêmicas e várias discussões, porém não podemos negar, que este sistema tem um excelente propósito, que é auxiliar a entrada dos negros e pardos nas universidades, já que os mesmos compõe em grande parte a classe baixa brasileira. 


Jéssica Quirino Dias



REFERÊNCIA

MUNANGA, Kabengele. Políticas de ação afirmativa em benefício da população negra no Brasil: um ponto de vista em defesa de cotas. Sociedade e Cultura, 4(2), 2001, p. 31-43.

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Fraudes, exceções e o bom senso

Minha colega Jéssica fez um post falando do caso dos gêmeos da UnB, em que um foi admitido pelas cotas e outro não. É de fato um caso curioso que a Veja soube se aproveitar bem. Nessa hora entram em pauta as questões da grande miscigenação no Brasil (verdadeira), das dificuldades de se classificar negros, brancos e pardos, e das temerárias composições dos ditos “tribunais raciais”. Pois as comissões de controle existem justamente para coibir fraudes, como aquela representada na charge publicada pela colega Raquel, onde um branco tenta se passar por negro pra conseguir entrar na Federal. No caso dos gêmeos da UnB, todavia, o que se viu foi um erro humano. Uma exceção, um caso raro, mas que é possível acontecer. E os erros humanos, quando detectados, devem ser corrigidos pelos próprios humanos, como acabou ocorrendo no fatídico caso da UnB. É importante lembrarmos que nenhuma seleção está alheia a possíveis deslizes, mas qualquer injustiça deverá ser apurada e julgada pelas pessoas competentes.
É interessante também como nós tratamos esses casos de tentativas de fraudes como algo banal. Se é tão difícil entrar na UFRGS e existem cotas, por que eu não posso tentar? Afinal, todo brasileiro é um pouco afrodescendente... Pra esse assunto, a contribuição do Munanga é muito válida: “Quando essas pessoas fenotipicamente brancas e geneticamente mestiças se consideram ou são consideradas brancas no decorrer de suas vidas e assumem, repentinamente, a identidade afrodescendente para se beneficiar da política das cotas raciais, as suspeitas de fraude podem surgir. [...] Se não houver essa vigilância mínima, seria melhor não implementar a política de cotas raciais”.
Mas existe a possibilidade ainda de um outro tipo de falcatrua, aquela que fomenta as idéias de que as cotas não deveriam ser raciais, e sim sociais (apenas para oriundos de escola pública/pobres, ignorando-se a raça). Pois o casseta Hélio de la Peña, no vídeo abaixo, coloca a sua posição contrária a política de cotas e despeja um argumento de gosto um tanto duvidoso, mas muito comum de se ouvir (no final do vídeo, o último argumento).


Bem, ele é negro, sem dúvida, e seu filho também. Porém, como humorista global famoso e bem endinheirado, tem plenas condições de financiar uma educação de qualidade para seu filho – o que sem dúvida é uma exceção. Mas vejam só, como negro, o filho dele tem o direito de pleitear uma vaga nas tais de cotas raciais, mesmo tendo sido beneficiado com excelentes oportunidades de ensino. Que injustiça, não? Ora, mas se existem negros que não precisam destas vagas, pois estudaram em colégio particular ou por qualquer outro motivo, e sentem-se capacitados para concorrer com os demais, eles não deveriam ir atrás dessas vagas. O que se espera, afinal, não é nada mais do que o bom senso.

Cristiano Lima

domingo, 20 de novembro de 2011

Reconhecimento da existência de um problema de discriminação

   Características como cor, influi na definição das oportunidades de ingresso no mercado de trabalho, progressão na carreira, desempenho educacional, acesso ao ensino superior, participação na vida política. É fato que existe discriminação e desigualdade nestas diferentes áreas. 
   No campo prático, são várias as controvérsias sobre qual seria a melhor solução já que a situação continua a mesma por décadas, desigualdades que se perpetuam por gerações. Uma proposta que surgiu ao problema foi a política de ação afirmativa, chamada também de política de cotas, reserva de vagas ou ação compensatória. Antes de assumir alguma posição, favor ou contra essa política, é importante conhecer e entender melhor o que são e sua história. 
   Segundo Antonio Sergio Guimaraes (1997) Tratar as pessoas que de fato são desiguais como iguais, somente amplia a desigualdade inicial entre elas. Alguns dizem que as cotas são uma idéia de restituição de uma igualdade que foi rompida ou que nunca existiu. As cotas podem parecer discriminatórias, mas se diferencia de praticas discriminatórias que tem como fim estabelecer uma situação de desigualdade entre os grupos. O resgate de razoes históricas, como a escravidão ou o massacre indígena. O Objetivo da ação afirmativa é definido por eliminar desigualdades historicamente acumuladas garantindo a igualdade de oportunidades e tratamento, bem como compensar perdas provocadas pela discriminação e marginalização, decorrentes de motivos raciais, étnicos, religiosos, de gênero e outros (Santos, 1999, p.25). Em programas de ação afirmativa, o pertencimento a um determinado grupo não é suficiente para que alguém seja beneficiado; outros critérios iniciais de mérito devem ser satisfeitos para que alguém seja qualificado para empregos ou posições.. (Cotins, SantAna, 1996, p210).
   Segundo Bergmann (1996), existiriam três idéias por trás da ação afirmativa: A necessidade de combater a discriminação existente em certos espaços na sociedade, reduzir a desigualdade que atinge grupos marcados pela raça ou gênero, busca da integração dos diferentes grupos sociais existentes por meio da valorização da diversidade cultural. Essa idéia tenta acrescentar uma identidade positiva aos que antes definidos pela inferiorização, supondo que a convivência entre suas diferenças ajudaria a prevenir outras praticas preconceituosas. Por isto também é chamado de ação preventiva, pois tenta e busca corrigir uma situação de desigualdade infringida no passado, presente ou futuro.
   A adoção de políticas de ação afirmativa no Brasil caracterizaria a garantia de um direito ou o estabelecimento de um privilegio? Aqueles que as percebem como um privilegio, atribuem-lhes um caráter inconstitucional. Significariam uma discriminação ao avesso, pois favoreceriam um grupo em detrimento de outro e estaria em oposição a idéia de mérito individual, o que também contribuiria para a inferiorizacao do grupo supostamente beneficiado, pois este seria visto como incapaz de "vencer por si mesmo". Para os que as entendem como um direito, elas estariam de acordo com os preceitos constitucionais, a medida q procuram corrigir uma situação real de discriminação. Não constituiriam uma discriminação por que seu objetivo eh justamente atingir uma igualdade de fato e não fictícia. Elas não seriam contrarias a idéia de mérito individual, pois teriam como meta fazer com que este possa efetivamente existir. Seria, nesse caso, a sociedade brasileira a incapaz, e não o individuo; seria incapaz de garantir que as pessoas vençam por suas qualidades e esforços ao invés de vencer mediante favores, redes de amizade, cor, etnia, sexo (MOEHLECKE, 2002). 
   Alguns argumentam que é necessário olhar a raiz do problema, no caso, a baixa qualidade do ensino. De que não deveria haver uma oposição entre as políticas adotadas mas, sim, uma combinação entre elas. Outros argumentam qual o sentido de defender as políticas de cotas para a população negra. Não seria melhor defender mudanças de base, mais profundas que cheguem a raiz do problema? O problema racial esta associado ao social e um aspecto não pode ser solucionado sem que se considere também o outro (Hernandez, 200, p.1.159).


Camila Costa



Referências Bibliograficas

MOEHLECKE, Ação Afirmativa: História e Debates no Brasil São Paulo. Nov. 2002. Disponivel em: http://www.scielo.br/pdf/cp/n117/15559.pdf  Acesso em: 20 Nov. 2011

sábado, 19 de novembro de 2011

Todo mundo é contra as cotas

"Ação afirmativa é uma reação negativa
Só racistas consideram a raça"
Fiz uma pesquisa não científica esses dias, no facebook, colhendo umas opiniões de alguns amigos a respeito das cotas. Uma coisa bem simples, só pra eu ter uma noção do que a “opinião pública” pensava sobre esse assunto, antes de escrever o meu texto. Eis a minha surpresa: ninguém é a favor das cotas! É claro que aquele meu amigo do facebook mais revolucionário e subversivo, pra quem eu não perguntei, TALVEZ tenha a audácia de dizer que é a favor das cotas. Mas no geral assim, ninguém diz. Nem os meus amigos mais “socialistas-paz-e-amor”, dos quais eu tinha esperança que tivessem uma visão diferente. Todos tem um porém, um argumento contra, mesmo quando “aceitam essa forma de inclusão”. Aqui estão algumas das opiniões à minha pergunta, na lata, “o que tu pensa sobre política de cotas?”:

Desirée (Ciências Sociais, UFPR)
assim, se for pra ter cotas e prouni, do jeito que foi feito, eu faria na ed básica.
não pq eu acho que todo mundo tem que passar no vestibular do mesmo jeito nanana. mas pq se tu quer mesmo mudar as coisas, tem que começar lá, que é a época da socialização
da formaçao do ser social, como diz durkheim, hehe

Mayah. (Relações Públicas, UFRGS)
ah cara
nunca soube muito, hein
acho que tinha que começar a inclusão por algum lugar
mas acho que não devia ser de cima pra baixo, sabe
mas já que não fazem direito
acho até aceitável que façam alguma coisa
mesmo que errado
politica do brasileiro

Paulo. (Engenharia Civil, UFRGS)
Eu acho uma palhaçada
hehehe

Diogo. (Ciência da Computação, PUCRS)
tipo "já q n dá pra resolver o problema de educação acessível e de qualidade, então vamos regular a qtde de oportunidades"
Cristiano Lima
mas isso é bom ou ruim?
Diogo.
ruim 
podia fazer o troço direito né?

Acho que no fundo eu até não me surpreendi tanto, porque na verdade os princípios de uma ação afirmativa dessas, as idéias e argumentos que embasam a adoção desse sistema são muito pouco conhecidos. Os argumentos contra, de outro modo, pipocam com uma facilidade tremenda. A questão da educação básica – que é onde deveriam ser focados os esforços públicos –, da miscigenação brasileira, a idéia de que a entrada de negros por meio das cotas estimularia preconceitos (imagem acima), além da fantasia de que o ingresso destes degradaria a qualidade do ensino superior.
O professor Kabengele Munanga, da USP, já tratou de cada uma dessas questões, e foi pelas idéias dele que me senti seguro e consegui formar concretamente minha opinião favorável às cotas. Quanto à imagem ali de cima, por exemplo, que remete a noção de que as cotas gerariam um preconceito para com os cotistas e estimularia o racismo, eu acho simplesmente patético começar uma discussão por aí. Definitivamente, não é pela possibilidade de alguns mal intencionados se utilizarem da situação para proclamarem seu racismo que as cotas não deveriam ser adotadas. Fora isso, Munanga bem lembra do racismo velado praticado no Brasil, com muitas pessoas se declarando não-racistas, mas flagrantes manifestações em atitudes, pensamentos ou frases soltas. O mito da democracia racial, inclusive, é uma tecla muito batida pelo professor, que lembra que muitos dos posicionamentos contrários à política de cotas se defendem com a negação da existência do racismo no Brasil – uma bela hipocrisia, convenhamos.
Outro ponto interessante é o tom de novidade (agora não mais tanto) que adquiriu a política de cotas por aqui, como se essa idéia já não tivesse sido aplicada – com sucesso – em tantos outros lugares. A (infeliz) frase da minha amiga Mayah, dizendo que se trata de “política de brasileiro”, resume bem isso. No entanto, essa política já foi adotada por países como Estados Unidos, Canadá, Índia e Austrália. No caso dos EUA, por exemplo, a partir da luta pelos direitos civis dos negros na década de 60, a implementação de políticas de cotas levou o país a ter um crescimento significativo na classe média afro-americana. Acarretou também num aumento no número de estudantes, intelectuais, advogados e professores negros nas universidades, bem como de médicos em grandes hospitais e profissionais em todos os setores da sociedade americana. A experiência se provou acertada.
E pra finalizar, porque eu já me alonguei demais, queria comentar ainda uma das principais bandeiras levantas por quem torce o nariz pras cotas: a idéia de que elas só servem pra mascarar o ensino público defeituoso, que é onde deveriam ser focados todos os esforços. Na hipótese de uma melhoria repentina das escolas públicas, que tornaria enfim todos os cidadãos aptos a competir de igual para igual, as contas de Munanga dizem que seriam necessários 32 anos (!) para os negros atingirem o nível dos alunos brancos. Considere-se que o ensino público, se realmente começar a melhorar, o fará de forma gradual, e então daqui a pouco estaremos completando um século sem equiparação de oportunidades. É uma forma de manter um discurso bonitinho, mas em que nada é feito. Na prática, no dia a dia, as coisas continuam iguais. Sem contar que as escolas públicas no Brasil já foram boas, mas nessa época os negros e pobres não tinham tanto acesso a ela. Mas, além disso, tem ainda uma questão delicada sobre a idéia de melhorar o nível das escolas públicas. Afinal, que interesse tem as escolas particulares nesse processo? Nenhum. A criação de um ensino público de qualidade significaria acabar com a clientela das escolas particulares. Dessa forma, acreditem ou não, existe um forte lobby pra que as coisas continuem como estão.
Enfim, esses são só alguns dos pontos de debate sobre a política de cotas. O fato é que, do total de universitários brasileiros, aproximadamente 97% são brancos, enquanto 2% são negros. E em se tratando de Brasil, esses números escancaram que alguma coisa está muito errada. Por sorte as cotas estão aí, já adotadas por diversas universidades, como a própria UFRGS. Mas ainda assim, por incrível que pareça, em minha volta todo mundo é contra as cotas.

Cristiano Lima

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Diga NÃO as cotas

    Passar por cima dos problemas sociais com esse sistema de cotas só fazem nutrir as discriminações. Pois essa conversa de dívida histórica não procede. Assim como existem negros “pobres”, também existem brancos, índios, pardos, todos “pobres”. Se o principal motivo das cotas fosse à dívida histórica, seria então válido dar cotas para os judeus? Pois desde a época do Império Romano, são perseguidos, sofreram com o Holocausto na 2ª Guerra e ainda hoje sofrem com grupos neonazistas. Cotas raciais é a legalização de um segundo Apartheid. Pura segregação. De forma inversa ou não. Mas o que realmente importa é a colocação em nichos separando os Negros dos Brancos. 
   O importante mesmo é fortalecer a educação básica, só assim poderemos reverter essa situação crítica do ensino público no Brasil, uma educação de alto nível e aí sim somente os mais preparados terão acesso a universidade, independente da raça e/ou condição social e não tapa-buracos. E dividir o país entre brancos e negros não é a melhor forma para se resolver o problema da desigualdade racial. O problema é que o Brasil é o país do CONCERTAR e não o do CRIAR como deveria ser; e o governo mais uma vez teve uma idéia infeliz; tapar o sol com a peneira.
   Cabe aos favorecidos se indignarem com esta esmola e dizer NÃO a esta palhaçada. A inteligência, a capacidade, não é medida pela cor da pele! Pois essa atitude do governo se resume em um vergonhoso e arbitrário e racista sistema de benefícios. E criticar cotistas não resolve o problema. Temos que mirar no alvo que pode reverter à situação. Nossos representantes. Nós brasileiros, temos esse péssimo hábito de cruzarmos os braços pra tudo. Até quando vamos engolir as injustiças desse país pra não termos trabalho? Tomemos como exemplo aqueles jovens franceses que conseguiram se fazer serem ouvidos. Nós podemos mudar as coisas sim! Não só podemos como é nosso dever lutar por um país mais justo.Muitas pessoas também já são contra, inclusive, alguns grupos já estão se mobilizando. Vamos protestar de forma inteligente e pacifica.
   


Raquel Piecha

Bonecas negras x Bonecas brancas



Apenas para refletir!

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Questão de COTAS, COR, ou melhor ainda questão de CORAGEM? "Triste época! É mais fácil desintegrar um átomo do que um preconceito."

Triste época! É mais fácil desintegrar um átomo do que um preconceito. 
Albert Einstein Começo o meu texto utilizando esta frase porque ela traduz tudo que penso. A questão do racismo no Brasil, e toda esta grita que existe em torno das cotas se da em função disso, do preconceito, do que se passa na relação entre as pessoas. Quando se fala em melhorar a educação, acredito que uma fantasia paira na cabeça de muita gente, de que grandes volumes de dinheiro, qualificação dos professores enfim tudo que se fala, nos faria chegar a onde a Suécia chegou...amanha. Mas mesmo chegando na Suécia amanhã, se junto com isso não se discute de forma aberta e franca o preconceito no pais, não há educação que de conta de mudar nada. Porque o problema é relacional, o problema é alteridade e a minha aproximação com o outro.  
      É uma conversa sem sentido de honestidade colocar no barco das soluções, " melhorar a educação no pais". Francamente este  é um barco que já nasce furado, ele não sai do cais, porque ao se justifica a oposição ao sistema de cotas baseada neste argumento o que de fato a pessoas esta dizendo é que,  não se importa,  porque o racismo independe do nível de instrução. A educação ruim  é um problema que pode até ser mais democrático haja vista que atinge a brancos e negros. Mas as dimensões em que cada um é afetado são enormemente diferentes. Ao contrário da criança branca na escola, a criança negra só aprende porque é teimosa, insiste em permanecer na escola, no ensino médio e na faculdade quando chega lá. Tudo que falo, falo por mim mesma, a professora gostando de mim ou não, eu estou na sala e vou perguntar igual,  o colega gostando de mim ou não, vai conviver comigo igual. 
      A grande maioria dos estudante negros, não aguenta o tranco e morre na praia, porque não recebe a mesma atenção na escola desde bem pequena, não vê futuro em nada, e se descaminha de vez. Uma outra parte morre de fato, sendo  ou não o " nego" bandido, que levou o Ipod. O fator determinante  para um desfecho trágico muitas vezes é o fator " cor do cara" e não "genes do cara".   No Brasil e EUA também o estande de tiro da polícia já foi no passado, como se diz em espanhol  "tiro ao blanco" ...no Brasil e nos EUA, ao menos o que se tem de notícia...a coisa funciona assim... " tiro no preto". 
      O genótipo não é visto por nenhum de nós, o que produz preconceito de raça é a “tez” é a cor que vemos e distinguimos que o sujeito é negro, mulato, cor de burro quando foge negro retinto, moreno enfim... existem muitos termos utilizado ao longo da história deste pais utilizados por negros e brancos que de uma forma ou de outra não conseguem, não podem ...ou mesmo não querem identificar-se como negros. 
      Os argumentos que partem de questionamentos que giram em torno de ,ser ou não ser negro, tendo "a tez" branca e decendencia negra, são um falso dilema.  É um falso dilema , porque não há dilema algum nesta questão". Aquele que mesmo descendendo de negros que não tiver a pele escura, não é atingido pelo racismo e covardia do cotidiano. “Porque esta pessoa ou “passa por branco”, ou tem o ataque atenuado”. Então sejamos francos, todos os negros de qualquer tonalidade sabem muito bem do que estou falando, quanto mais escuro for o sujeito maior a discriminação e covardia. Eu na verdade prefiro um racista assumido do que esta covardia diária de racismo a Brasileira. Onde raramente nos deparamos com pessoas que dizem o que de fato "sentem" e não o  que pensam, sobre  negros. 
      Se os meus familiares que são todos mais para brancos de que para pretos desejarem fazer uso de um "direito" que seja eu não me oponho. Contudo nenhum deles precisa de cotas simplesmente porque pode pagar, este pode pagar, não significa ter rios de dinheiro, significa apenas que hoje temos como custear, de forma muito apertada a nossa educação.  Agora não foi sempre assim, atrasei muito o meu curso, porque não tinha como pagá-lo, e não tinha como fazê-lo porque já perdi inúmeras vezes empregos para pessoas bem menos qualificadas, mas brancas. 
       Já abandonei empregos, em que a pessoa achava que estava fazendo um favor para a negrinha.  Já abandonei empregos  muitíssimo bem remunerados, como pouquissimas pessoas na minha idade eram na época, porque o sujeito, um gerente bancário me disse.  Tu  é uma pessoa competente, os outros são bons, mais tu é melhor, e ainda tem sorte... porque não é feia (na época eu era r.r.r.r.r) porque se  fosse feia estava lascada, porque preto  tu sabe nê... Mais um ano sem estudar, joguei minha bolsinha nas costas e fui embora na mesma hora...se eu pudesse contar com as cotas  a situação não seria outra?
      Quantos professores negros vocês já tiveram  na vida. Quantos médicos negros vocês já tiveram na vida. Quantos amigos, namorados e anexos.... negros vocês já tiveram na vida. Olhem bem para isso e respondam a si mesmos se lhes parece normal, se não há nada a ser questionado, além de "melhorar a educação no pais".
      Histórias anedótica eu tenho inúmeras, poderia escrever um livro só sobre estas pérolas da idiotice covardia  pelas quais se passa ao menos uma vez por mês. Mas como colocado por muitos estudantes cotistas. É bem mais fácil para qualquer pessoas criticar e dizer que não é valida , inconstitucional, tudo isso precisa de auto exame.  O que se ganha em impedir o acesso a educação de pessoas que são discriminadas em preferência de empregos, e não podem como nós bancar em torno de 1.500, reais por mês mais etc...
      Acho que as pessoas precisam  decidir se são de fato democratas, se querem justiça social, ou se querem ser indivíduos,  que tentam se isolar do resto, quando são produto e produtores de qualquer  processo social. Teoria da complexidade....
      Deste modo acredito no valor da solidariedade para com os demais estudantes negros, mulatos,  e aquelas outras cores toda...que precisam de ajuda para vencer a barreira do conformismo, e contar com uma vaga na faculdade, assim não acredito que qualquer familiar meu  ocuparia uma destas vagas, simplesmente por saber bem, o quanto é necessário receber o recurso material, a ajuda efectiva.


Angela Wolff - negra

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Cotas NÃO


“Políticas dirigidas a grupos ‘raciais’ estanques em nome da justiça social não eliminam o racismo e podem até mesmo produzir o efeito contrário, dando respaldo legal ao conceito de raça e possibilitando o acirramento do conflito e da intolerância.
[...] O principal caminho para o combate à exclusão social é a construção de serviços públicos universais de qualidade nos setores de educação, saúde e Previdência, em especial a criação de empregos”.

Manifesto “Todos têm direitos iguais na República”,
assinado por 114 intelectuais e artistas contrários à
aprovação da Lei de Cotas e do Estatuto da Igualdade Racial



É sempre importante lembrarmos que cada um possui sua opinião e merecemos respeitá-las. Eu também possuía a minha, porém, muita coisa se modificou desde que eu realmente comecei a estudar sobre isso.  Muitas dúvidas se mantiveram em minha cabeça,das quais ainda não consegui me livrar. Talvez alguém possa me responder... QUEM SÃO OS NEGROS? Sim,eu me atrevo a fazer essa pergunta, pois se partirmos do pressuposto de que é praticamente impossível um brasileiro não ter pelo menos uma gota de sangue negro correndo em suas veias, eu preciso fazer esse tipo de pergunta. Concordam?
Bem para aprofundar o meu pensamento, eu gostaria de partilhar uma história com vocês, queridos leitores.  Sou filha de um negro e de uma mulher que tem origem negra na família, porém nasceu com uma pele mais clara. Tanto eu quanto meu irmão nascemos com a pele, como eu gosto de chamar, de “encardidos”. Porém, obviamente todos percebem que somos negros porque nosso tom de pele não é absolutamente claro e o cabelo... ai, prefiro nem falar do cabelo, por isso vou falar do nariz e do resto do corpo. Todos os traços de nosso corpo demonstra nossas origens, de onde viemos. Minha irmã mais nova por parte de pai, nasceu com um tom de pele mais escuro, lembrando muito a pele do meu pai. Bem, o fato é que nós somos em três irmãos. Eu e meu irmão com um tom de pele e minha irmã de outro.
Meu irmão tem uma filha de 5 anos, e essa menina, adivinhem só... Tem a pele clara. Alguém me explica isso? Sim, a famosa genética explica, mas eu realmente não estou afim de falar nela. O que nos interessa dessa história toda é que minha sobrinha, apesar de ser loira do cabelo cacheado e pele clara, ela continua sendo neta de negros, com um pai “sem cor”, uma tia/dinda “café com leite” e uma tia mais escura. A minha pergunta é: Será que essa menina, hoje com 5 anos, conseguirá entrar no sistema de cotas para negros, tendo uma família negra e uma pele branca? Como acho que já sabemos a resposta (leiam o texto da Jéssica Quirino Dias que relata a história dos gêmeos ), podemos parar e pensar se o sistema de cotas é realmente benéfico para todos os negros pobres desse Brasil, podemos parar para pensar se em um país tão misto como o nosso, esse tipo de sistema seria uma boa escolha. Talvez devamos mesmo pensar em modificar a sociedade, ajudar quem foi prejudicado no passado e blá blá blá, mas a minha pergunta é: Será que essa é a melhor forma de se fazer isso. Acredito que uma boa parte da população brasileira se questiona, assim como fez o Marco Fonseca “Sou neto de uma negra, mas tenho pele branca. Isso me faz negro ou branco?”.


Daianny Martins

O Estabelecimento de cotas NÃO é um instrumento de desigualdade social!

   Desde o inicio da civilização, vem-se prolongando no decorrer dos séculos, um desenvolvimento da humanidade com diversos confrontos entre homens, na disputa de poder, e destas disputas, os vencidos normalmente eram ou foram reduzidos a condição de escravos ou condição semelhante, submissão, pobreza, perda de espaço, condição socioeconômica, e outros atributos depreciativos da espécie humana. 
   Como conseqüência, de um lado se criaram grupos humanos que são cerca de 10% da população do planeta no mais absoluto, monopólio econômico sobre as riquezas,  dominado por castas, feudos, e elites econômicas de toda ordem, com reflexos no  patrimônio e renda, dando um tratamento desigual aos chamados “despossuídos”. Com a miséria e pobreza, intensificam-se a violência, a insegurança, e os conflitos sociais.
   No Brasil não foi diferente, especialmente em decorrência, do racismo, do preconceito, da pobreza e da indiferença das elites anteriormente citadas. Estas desigualdades com o decorrer do tempo, geraram a necessidade de políticas sócio-econômicas, visando diminuir a distância, entre os mais favorecidos e menos favorecidos. Por outro lado, a melhoria das condições sócio-econômica dos cidadãos desprivilegiados, também traduziriam, como afinal, ocorre no crescimento do país, a expansão de mão de obra qualificada, com acesso ao emprego e a renda,  permitiu-se o crescimento do mercado interno, pelo massivo acesso de bens e serviços, e com isso a economia, decorrente da circulação da riqueza, ainda há competitividade em relação ao mercado externo. 
   O "Estatuto da Igualdade Racial", Lei 12.288/2010, impõe a cotização, que teve inspiração com o advento da Constituição Brasileira de 1988 como diz o Artigo  37 (capítulo VIII): "A lei reservará percentual dos cargos e empregos públicos para as pessoas portadoras de deficiência e definirá os critérios de sua admissão." Em princípio a lei constitucional estabeleceu a reservas de vagas para deficientes físicos, com implemento nos diversos concursos públicos. É o marco inicial da reserva de vagas destinada para grupos determinados cidadãos no Brasil. Entretanto outros segmentos sociais passaram a pedir a cotização de vagas para assegurarem participação mínima em alguns setores da sociedade, em particular as universidades públicas. 
   Essas leis de cotização, em princípio teriam prazo determinado, até que atingido determinado ponto as torna desnecessária, em virtude a amenização dessas desigualdades, por razões, étnicas, raciais, classes sociais, mulheres, deficientes físicos... cidadãos de estratos diversos de um modo geral. Também há críticas ao sistema, pois constituiria um processo histórico depreciativo, a esses cidadãos com dificuldade de acesso a segmentos específicos, com o propósito de inclusão social, inclusive para alguns agravando o racismo. Transitam Ações de inconstitucionalidade propostas por alguns políticos e entidades da sociedade civil contra o sistema de cotas. Por outro lado, a na defesa da reserva de vagas. Tais medidas, embora salutares, estão no elenco das ações afirmativas, logo dependem de outras movimentações políticas que cheguem à raiz do problema, melhorando as deficiências estruturais do país, tais como já foi mencionado. A renda, a educação, a igualdade em relação a oportunidades, enfim, tudo quanto possa estimular o crescimento dos cidadãos.  
   Ainda que alguns setores da sociedade queiram colocar no esquecimento os horrores da escravidão, cujo em decorrência deles é inegavelmente imperceptível que ainda não houve equalização educacional, em decorrência desse período trágico para a população negra, o país ainda enfrenta grandes dificuldades. Também desejo ressaltar que não se deve desconsiderar o fato de que hoje em dia para adentrar em uma universidade federal é exigido um grande preparo, e necessita-se de recursos, os quais famílias menos favorecidas não se incluem. Tenho em vista que é preciso ter presente o passado para que se possa construir um futuro que não repitam-se aqueles erros, pois é assim que se constrói uma grande nação com liberdade igualdade e fraternidade.
   Na minha opinião, as cotas são uma medida provisória, ou seja, são apenas o primeiro passo, concordo que não é o melhor método para acabar com as desigualdades no Brasil, mas esse foi o método que o nosso governo encontrou para pelo menos amenizar a situação. Alguém tem alguma solução melhor? Enfim, infelizmente o Brasil é um país atrasado, e os negros brasileiros precisam sim de cotas. Portanto, sou a favor das cotas.




Quinara Vizeu 

Referencias: 

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Umas chargezinhas prá descontrair...





Absolvendo-se os excessos simplistas, é interessante de ver como alguns desenhos tocam numas questões tão flagrantes, mas que a maioria parece (finge?) não ver.

domingo, 30 de outubro de 2011

O NEGRO COMEÇA A VIDA ESTUDANTIL PERDENDO -



Na década de 80, OLIVEIRA relata as primeiras intervenções na Educação realizadas pelo Movimento Negro no Brasil, apresenta o sofrimento das crianças negras, ao evidenciar o sentimento de exclusão, peculiar à grande maioria delas. Como demonstra o depoimento de urna criança: "às vezes me sinto uma intrusa com certas reações de amigos e amigas '' (1992: 109).
Como podemos perceber na fala dessa criança a atuação da discriminação racial está presente na educação. Oliveira afirma que a discriminação mais sutil veiculada pelos livros didáticos, pelo currículo e pelos meios de comunicação para a maioria das crianças pesquisadas passa desapercebida, mas isso não implica afirmar que ao longo dos anos, esse tipo de discriminação não venha a causar urna assimilação de estereótipos negativos em relação aos negros, o que ocorre também com a criança branca. Também ficou ressaltado que a forma de o professor caracterizar a criança negra evidência seu despreparo para lidar com situações de discriminação na sala de aula, pois, em muitos momentos, o professor julga a criança negra culpada pela discriminação sofrida. É o que demonstra o depoimento de urna professora:
Além de se sentir rejeitada, a criança negra tem, talvez, por sua própria natureza, lentidão na aprendizagem, lentidão na assimilação do ensino e estes dois fatores contribuam para que ela não consiga acompanhar o seu grupo, desista e saia da escola ou permaneça nela pouco tempo (OLIVEIRA, 1992: 98).
O processo de assimilação, enquanto ajustamento interno de um grupo ante os valores de outro grupo que domina ideologicamente a sociedade (VALENTE, 1994: 85) é um dos fatores predominantes do esvaziamento da identidade étnico-cultural das chamada “minorias”. A escola tem papel fundamental junto a esta política de assimilamento, uma vez que não há espaço para as identidades particulares no seu contexto.
Diante disso o aluno negro é conduzido a negar a identidade de seu povo de origem, em favor da identidade do "outro" - o branco - apresentado como superior. A maioria das situações escolares reforça urna atitude de não aceitação e de distanciamento dos valores das ancestralidades africanas por parte de seus descendentes.  Na década de 80, OLIVEIRA relata as primeiras intervenções na Educação realizadas pelo Movimento Negro no Brasil, apresenta o sofrimento das crianças negras, ao evidenciar o sentimento de exclusão, peculiar à grande maioria delas. Como demonstra o depoimento de urna criança: "às vezes me sinto uma intrusa com certas reações de amigos e amigas '' (1992: 109).
 A criança negra entra na vida escolar perdendo porque a professora não quer tocar a criança negra. A professora não segura a sua mão para ensina-la a motricidade fina, não lhe responde as perguntas, não lhe ensina. Quando não existe uma relação de aféto a criança perde perde a curiosidade e ganha medo. Medo de buscar o professor e não ser acolhido. Essa é a semente para um a construção de um fracasso educacional. Esse sujeito poderá superar tudo isso e seguir em frente, contudo, o mais provável é que abandone a escola.
O tipo de racismo praticado no Brasil tem características peculiares: sutil e velado com fortes mecanismos de exclusão e promoção de inferioridade para os negros. Age "sem demonstrar a sua rigidez, irão aparece à luz, é ambíguo, meloso, perigoso mas altamente eficiente nos seus objetivos" (MOURA, 1994: 160). Ou ainda, como define MUNANGA,“há racismos que foram e são implícitos, não institucionalizados, objeto de segredo e tabu, submetidos ao silêncio, um silêncio criminoso'' ( 1996: 213).
A realidade da qualidade de atenção e educação que a criança negra recebe na escola, é uma das formas institucionalizadas do racismo ela simplesmente não recebe a mesma atenção que as outras crianças. Diversos trabalhos tem demonstrado o quanto se prejudica um ser humano quando este não recebe a atenção adequada durante a infância. E uns outros tantos trabalhos denunciam as práticas criminosas pelas quais crianças negras passam nas escolas diariamente. Começando pela negligencia e desatenção as práticas racistas de professores e alunos. A criança negra não é somente negligenciada ela é rechaçada e mal tratada. A criança negra não recebe abraços, o professor não lhe segura a mão para ensinar-lhe a motricidade fina, não lhe responde as questões em sala de aula, não lhe respeita. Então como pode um aluno desenvolver-se em um sistema que já esta falido e que agride a esta criança.


Angela Wolff


quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Debate de Cotas para Negros no programa Canal Livre

              Escolhemos 3 (três) vídeos de distintas opiniões sobre as reservas de vagas nas universidades privadas no Brasil.
               No primeiro vídeo, o Presidente da Educafro, Frei David Santos, apoia a reservas de cotas para a pele negra.


               Já neste, há a opinião do Ministro da Secretaria da Igualdade Racial, Edson Santos, da Procuradora de Justiça /DF, Roberta Fragoso Kaufmann e do Sociólogo, Demétrio Magnoli. 


              Por último, as justificativas da importância das cotas, dita por Frei David Santos. Além disto, Demétrio Magnoli explica a verdadeira história da escravização, e salienta as estatísticas econômicas da população mais pobre financeiramente.  



             Estes debates televisivos são de extrema importância para mostrar os "dois lados da moeda". Muitas vezes nós seres humanos não paramos para pensar na série de preconceitos que infelizmente os negros ainda sofrem. É repugnante pensar que em pleno século XXI, ainda exista pessoas racistas, com pensamentos pequenos, acreditando que são melhores que os outros. Concordo com o pensamento da Procuradora Roberta Fragoso Kaufmann, que as ações afirmativas para negros que não esteja relacionada também à questão econômica, não é a melhor solução, pois só aumentaria ainda mais o preconceito, contrariando a proposta das cotas, que é incluí-los de fato na sociedade. 
             Creio que a melhor maneira de resolver a questão da desigualdade nas universidades, é dando COTAS SOCIAIS para os indivíduos mais desfavorecidos economicamente. Consequentemente diminuiríamos as desigualdades e haveria menos discordâncias sobre estes sistemas, pois muitos indivíduos que são contra as Cotas Raciais, é pelo fato de acreditarem que o negro tem a mesma capacidade de raciocínio que um branco. Porém estes mesmos indivíduos são a favor das Cotas para pessoas de escolas públicas, já que tem a consciência de que estas pessoas foram desfavorecidos na educação, do que um estudante de uma escola privada.

Jéssica Quirino Dias




Crédito à Ângela Wolff Oliveira - também componente do grupo- pelos vídeos a cima, que foram encontrados e selecionados por ela.